#03 Pequena resenha sobre “Contos Negreiros”, de Marcelino Freire.

Contos negreiros

Vencedor do prêmio Jabuti na categoria ‘Contos’, no ano de 2005, Contos Negreiros foi meu primeiro contato com esse autor contemporâneo. O que temos aqui é uma coletânea de pequenos contos que tentam transmitir, por meio de poucas palavras, aquilo que já foi dito antes, mas que ainda assim precisa continuar sendo dito. Marcelino Freire tenta, então, dar voz a quem supostamente não tem, falando sobre racismo, homossexualidade, analfabetismo, violência, amor, sonhos, esperança, etc.

 

 

A linguagem seca, escrita de maneira ora muito pausada, em alguns contos, ora corrida, em outros, sem sinais de pontuação e longos períodos, contribui nessa procura por identidade e dignidade. Identidade dos que são apenas cachorros (me lembrei um pouco de Vidas Secas, do Graciliano Ramos, pois a palavra ‘cachorro’ aparece diversas vezes nos contos e há uma espécie de bestialização do ser humano, como se os personagens se sentissem mais animais do que seres humanos, algo que ocorre de maneira semelhante no clássico brasileiro) e dignidade desses que, mesmo não possuindo algo que permita fazê-los se encaixarem na nossa sociedade civilizada (como a Totonha, no conto de mesmo nome, personagem analfabeta que se recusa a aprender a ler) podem e tem direito, sim, à sua condição de se vangloriarem pelo pouco que têm.

 

 

 

 

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