a gota de choro brota
da fonte que é os
meus olhos
marrons de terra
para escorrer pela superfície
irregular que é
o planalto de minha pele
branca,
por que dentre os cerca de cinquenta por cento de litros d’água
existentes dentro de meu
corpo
aquela mísera gota decidiu pular para fora e abandonar
suas irmãs companheiras de cela
?
o que importa é que escorre
tal qual os rios escorrem pelo
rosto do Brasil que tem muita
acne pus e sangue
para depois quando
deixa sua marca de gota-choro pela minha face
(um rastro que desce até o queixo cicatrizes
da guerra interna não declarada
Guerra Civil)
treme hesitante
e cai
e
cai e
eclode e
explode
no chão em que me encontro
de pé
(o mesmo chão tupiniquim que os meus antepassados mortos se dispuseram a andar)
e a Lágrima dá o seu grito
que minhas cordas vocais
não puderam dar.
Muito forte e bonito! Que venham mais experimentos poéticos! 🙂
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